A frase que serve de título ao post é a que me apetece pintar em letras gigantescas numa qualquer faixa de tecido fluorescente e plantar-me com ela à frente da casa de uma grande amiga minha.
Há coisas que nos deixam sem chão. Mas, quando não podemos fazer nada é, sobretudo, desesperante. Há coisas que não entendemos, mas quando tocam aqueles que amamos nos deixam ainda mais incrédulos.
Uma das mulheres mais fortes que conheci até aos meus 44 anos, uma das mulheres mais independentes e corajosas que faz parte da minha vida foi, já por duas vezes, vítima de violência doméstica física (e certamente, também psicológica), com alguns meses de espaçamento.
Numa primeira vez, de uma forma mais invisível, uma bofetada, mas, com certeza, não menos dolorosa. Dessa vez, ninguém mais soube, ninguém viu. Nesta segunda vez, de uma forma brutal, com implicações hospitalares e tratamentos médicos que perduram há mais de um mês.
Fiquei revoltada quando soube. Mas, agora sinto-me impotente e desesperada, ao saber que cedeu às inúmeras promessas do agressor, acompanhadas de lágrimas, no sentido de que ia mudar e que nunca mais voltava a acontecer...perdoou...
Não entendo o que é que uma mulher, absolutamente independente, com 50 anos, sem filhos a cargo, sente, para se manter ligada a quem não respeitou a sua mínima dignidade...Gostava de entender.
Acreditará que as coisas vão mudar? Confesso que, talvez por ter trabalhado na área criminal 12 anos e, agora, na área da família, não acredito em mudanças, excepto quando os comportamentos violentos são provocadas pelo consumo de álcool ou outras substâncias e o agressor faz , entretanto, tratamento com sucesso.
Estou desolada...não sei o que fazer...é tão errado persistir no que nos faz sofrer...
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