Desbafos...

20 de dezembro de 2017

Há dois anos a trabalhar na área da família e dos menores concluo que, de facto,  é muito bom que determinadas pessoas não queiram ter filhos, apesar de terem as condições materiais mais que propícias para o efeito. 
Não me impressionam (e entendo) as pessoas que têm muitos filhos e que passam dificuldades por isso, mas que têm afecto para os miúdos e fazem-nos sentir amados e seguros.
A maternidade e a paternidade só se sentem vivendo, seja em filhos biológicos seja com filhos adoptados. Nenhuma descrição que nos façam previamente nos fará alcançar com precisão aquilo que ser pai e mãe implica. Mas, ser pai e mãe mesmo.
O que me impressiona pela  negativa é continuarem a existir pessoas que insistem na maternidade e paternidade mesmo depois de uma experiência absolutamente negativa, só porque sim, só porque é "giro", só porque têm uma relação nova e querem ter mais um fruto dessa relação ou porque é "bem" adoptar. Depois temos miúdos completamente famintos de afectos, a viver em mundos totalmente separados dos pais e crianças que são devolvidas depois de começarem a estabelecer vínculos no âmbito da adopção porque têm problemas de saúde, porque não são aquilo que os adoptantes imaginaram.
 E a realidade de quem tem tudo o que o dinheiro pode comprar e não tem amor entristece-me muito mais do que aqueles que partilham um minúsculo espaço com pais e irmãos, mas têm sempre um colo à espera.

13 comentários

  1. E refletir sobre o assunto é importante!!!bj

    Que a Estrela de Belém ilumine seu lar proporcionando momentos perfeitos envoltos em muito AMOR!!!

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  2. Definitivamente o que escreveste é triste. Longe dessa realidade, também eu consigo entender que que dinheiro não é tudo, pois o amor e o afeto são bens bem mais necessários >às crianças que qualquer outra coisa!

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  3. Já eu, cada dia tenho menos opinião sobre este tema! A idade e a maturidade fizeram-me perceber que na vida nada é linear, que a vida é uma sorte e que infelizmente não podemos ser todos felizes e ter filhos felizes sempre. Aprendi a aceitar que o que idealizamos está longe daquilo que a vida ás vezes se nos apresenta e cada vez critico menos, mesmo os pais que à partida nos parecem pouco pais. também algumas vezes falhámos e voltaremos a falhar. Acredito que mais tarde as crianças crescem e um dia percebem que também elas vão falhar como mães como as suas mães falharam, umas mais do que outras obviamente. Acredito que todos devemos olhar para dentro de nós antes de olhar para os outros.

    Beijinho

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    1. Compreendo que assim entendas e, de facto, nada é linear. Mas, diariamente, passam-me pelas mãos muitos casos de pessoas que tiveram uma primeira experiência como pais e ficaram absolutamente desiludidos e incapazes de responder e voltam a repetir a experiência só porque sim, porque é giro ter uma família numerosa, mas depois deixam os miúdos ao Deus dará e acham que por morarem no sítio A ou B, os miúdos frequentarem este local ou aquele, se podem demitir das suas funções. Há os que adoptam tendo filhos biológicos, só porque é bem e depois devolvem aos acolhimentos crianças que já tinham tido um passado devastador, fazendo-as cair no mais profundo sofrimento. Acredito que a maturidade te tenha trazido muita coisa. Mas, trabalhar num local como eu trabalho mostrou-me uma realidade absolutamente desconcertante. E, confesso, quanto maior formação académica e mais possibilidades e económicas, mais caprichosas são as pessoas. Tanto em termos de abandono afectivo como em termos de responsabilidades parentais em termos de divórcio. Atenção que por mim passam os casos limite.

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    2. Percebo que passem por ti casos limite é que seja chocante ver passar casos tristes mas é que fazemos nós? Sim, o que podemos fazer? Impedir a adopção de crianças para que não corram o risco de ser devolvidas? O que pode o país fazer? Há solução? Não há, nunca houve bem vai haver. Percebo que choque mas angusta me mais não se poder fazer nada. Falamos muito mas não mudamos nada. Nada mesmo. Prefiro já não me chocar tanto e ficar me no que posso eu fazer dentro da minha casa e na casa doseeis amigos.
      Beijinho

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  4. A mim choca-me quererem adoptar e depois, sabe-se lá porquê, vão devolver a criança... Mas essas pessoas não têm cérebro?! Não têm coração?! Julgam que estão a devolver uma mercadoria?! Já me apeteceu berrar aos ouvidos de quem fez isso: é uma criança! Um ser humano! Com sentimentos! Um ser que pensa, ouve, vê, sente!! Não são bonecos a enfeitar uma estante...

    A sério, fico revoltada quando tenho conhecimento de casos destes e só me apetece partir à bofetada...

    E fico triste quando as pessoas não têm o principal para dar a estas crianças: afeto... :'(

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    1. Sim a mim também me choca mas não será também chocante que não existam mais casais para adotar? E porque não adoptamos nós? Não é também chocante?
      Acho que isto é tudo discutível e quem somos nós para criticar, e até para nos chocarmos?
      Cada vez aceito mais tudo, no sentido de aceitar que não estamos na pele dos outros!
      Beijinho

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  5. Nem sei que te diga. Tanta coisa revoltante, tanta coisa!!


    Um beijinho grande

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  6. Assino por baixo!
    Beijos de Bom Natal

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  7. Também eu tomei essa opção, de não ter filhos. Porquê? porque queria ter sempre liberdade para fazer o que me apetecesse. Assim, não me acusam de ser má mãe, no entanto acusam-me de não ter tido filho, em prol da minha liberdade. Contraditório, no mínimo.
    Foi a minha escolha, mas respeito e muito, quem hoje em dia, tem filhos, biológicos ou não. São opções, no entanto, quem os decide ter, sim!!! o amor a compreensão devem estar sempre em primeiro lugar.

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  8. É realmente triste! Há tanta coisa revoltante!

    amarcadamarta.blogspot.pt

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  9. "É mais que tempo de ajudar o irmão
    E deixar de vez o pedestal
    Já é mais que tempo de repartir o pão
    Porque todos os dias é Natal."

    Desejamos que passe um Natal muito feliz, cheio de saúde, amor e muita paz.

    Beijinhos
    Lucília e Isabel

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