A propósito do tema do fim de semana...

1 de outubro de 2018

Todos lamentam o menino, todos os pensamentos da terra e até do país estão com ele. Não ponho em causa a necessidade de tal preocupação e de todo o acompanhamento.
Mas, confesso que a mim é o velhote que mais me causa tristeza. 
O menino terá o Estado a zelar por ele, terá (infelizmente por este motivo), muitos técnicos que ajudarão e, acima de tudo, terá uma vida pela frente podendo fazer dela o que quiser dentro do possível. 
O velhote não terá os apoios do menino e, sobretudo, não terá um futuro para tentar amainar a mágoa e a vergonha, não terá um futuro que lhe permita tirar o nó da garganta. 
Só quem tem filhos consegue perceber que as facadas dos nossos filhos matam mais que as traições dos nossos pais (pelo menos eu sinto assim)


7 comentários

  1. Totalmente de acordo contigo! Embora, infelizmente, cedo fiquei sem Pais e Sogros. Mas tenho muita pena dos idosos. Aliás, já ando a ficar com pena de um dia poder deixar os meus filhos e os netos. Atormenta-me! :(

    Alienados Desejos... [Poetizando e Encantando]
    Beijos - Boa noite!

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  2. Um texto muito pertinente uma realidade dolorosa,
    Abraço e boa semana

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  3. É devastador perceber que o tempo avança, mas que os serviços de apoio a idosos continuam tão deficitários

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  4. Uma pessoa sofre por quem nem conhece. Poça.

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  5. Não sei de que se trata.
    Mas se é do abandono dos mais velhos só tenho uma palavra - REVOLTA!

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  6. Mau...
    Cheguei a Portugal mais ou menos nesta altura pelo que desconheço o tema a que se refere, e sem intro fica difícil. Menino e idoso...
    Porém concordo com a sua última afirmação. Sem poder dizê-lo por experiência própria posso dizer que é a impressão que tenho, por ter visto no rosto do meu avô a decepção ao descobrir, numa ocasião, que toda a família lhe havia mentido e enganado - todos os filhos lhe ocultaram uma realidade para a qual ele tinha o direito de dar a sua opinião e ter a decisão com mais peso. Eu VI esse sentimento. E lamentei que, indirectamente, por omissão e silêncio, mesmo censurando e não concordando com a decisão tomada pela maioria, por omissão permiti que meu avô fosse enganado e nada lhe disse. Inconscientemente evitava estar com ele porque esse segredo que só eu sabia estava entre nós. E não gostando de o enganar e não concordando com que fosse enganado, sem sermos diretamente responsáveis acabamos metidos numa mentira. Se não concordamos com ela - e eu não concordava, devia eu ter contado? Talvez devesse. Vê-lo a ser enganado revoltava-me as entranhas, mas não queria intervir já que eu era parte passiva e observadora da decisão dos filhos.

    Mas eu VI e sei o quanto, no final da sua vida, isso lhe doeu mais que se tivesse sofrido uma navalhada.

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