Não pode ser só às vezes!

 A propósito da trágica morte da filha do cantor Tony Carreira, circulam pelas redes sociais frases que pretendem transmitir a ideia de que não devemos adiar os encontros, o carinho e as coisas boas que temos para fazer ou dizer aos outros, já que nunca saberemos se voltamos a ter oportunidade.

São frases idênticas ou mesmo as mesmas às que circulavam em Março quando, de repente, vimos a nossa vida parada e nos vimos confinados e longe, fisicamente daqueles que amamos.

Concordo em absoluto com o sentido das expressões, com aquilo que nos pretendem fazer pensar.

Custa-me, contudo, que apenas se pense nisto quando alguma desgraça acontece ou quando alguém morre, voltando tudo depois a ficar esquecido na voracidade dos dias.

Também me incluí, durante muito tempo, no grupo das pessoas que rapidamente esqueciam que a vida nos pode pregar partidas terríveis.

Mudei e aprendi da pior forma. Quando morreu um dos melhores, senão o melhor, ser humano que conheci, o meu padrinho, tio e compadre. A dor foi imensa, e, apesar do tempo que já passou, continua cá.

Arrependi-me das minhas prioridades e de ter achado que daria tempo para estar com ele mais uma vez.

Desde então, tento com todas as minhas forças, não adiar nada. Nem palavras, nem encontros nem demonstrações de afecto. Tento rodear-me das minhas pessoas. 

E nem o Covid me impede de demonstrar o amor que sinto. Temos de aprender, de vez, a lição que todas as tragédias que vivemos nos ensinam.