Culpados?

9 de abril de 2017

Corre pelas redes sociais a notícia dos alunos portugueses que, por mau comportamento, foram expulsos de um resort espanhol.
Devo dizer que, se bem que tenha pena que assim seja, esta expulsão não me espanta. E, não me espanta, porque há anos que vem sendo esta loucura nestas férias da Páscoa dos finalistas.
Levantam-se as vozes. Professores, como habitualmente, culpam os pais, que não dão educação aos meninos, porque a escola, no seu entender serve para ensinar línguas, matemática e outras matérias. Pais tentam sacudir a água do capote dizendo que a escola preocupa-se mais em preparar alunos para terem boas notas e estarem nos rankings do que formar cidadãos.
Acho, como mãe, como familiar de professores e como profissional que trabalha diariamente com meninos e adolescentes, que todos têm a sua culpa.
A escola que, por um lado, sobrecarrega os miúdos com trabalhos e mais trabalhos, que não tem tempo de cumprir programas e arranja aulas extra, não dando margem aos miúdos para correrem, gastarem as suas energias, e por outro lado,não tem opções como o yoga ou outras actividades equilibradoras da energia. A escola que tenta abafar, por vezes, algumas situações de bullying e outros comportamentos graves, não dando deles conhecimento aos encarregados de educação (falo no meu caso concreto, em que a minha filha esteve envolvida numa situação em que eu deveria ter sido avisada e não fui ou em que a minha outra filha passou a chegar a casa cheia de nódoas negras, queixando-se que lhe batiam e diziam que ela tinha germes, e, alertada a escola, nada foi feito).
Os pais que vivem numa correria, tentam manter os meninos o mais ocupados sem que os aborreçam e que acham tudo muito normal. Uma mãe minha conhecida, com uma filha da idade da minha mais velha, achou perfeitamente normal que a miúda tivesse um canal do youtube onde mostrava imagens dos colegas nos balneários, sem conhecimento destes. Disse-me "todos fazem estas coisas!"
Não sei o que o futuro me reserva, mas assumo, cá em casa há castigos, há uma palmada no rabo quando há desrespeito.
Gosto muito das minhas filhas, mas não sou a melhor amiga delas, no sentido de que não temos uma relação de pares, uma relação de igual para igual. Não vou cá em parentalidades positivas ou coachings. Muito amor e carinho sempre. Peço muitas vezes desculpa e não me sinto menos mãe por isso. Mas sempre com limites. 
Curiosamente, sou a mais autoritária cá em e isso não as impede de me contarem todos os segredos, de ser a primeira a quem telefona a mais velha quando tem entregas de testes, ou quando precisam de alguma coisa.

33 comentários

  1. A minha mãe também sempre foi mais autoritária e ainda hoje sou muito mais chegada a ela do que ao meu pai, por exemplo. E ele sempre me deixou fazer tudo o que eu quis praticamente. Sabia que a minha mãe seria sempre direta comigo e que podia contar com ela para tudo. E, nesse aspeto, espero ser tal e qual ela quando for mãe!

    Não tenho dúvidas nenhumas de que estás a educar bem as tuas meninas :)

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  2. Isto toma proporções mesmo complicadas!

    r: É a prova de que nos vamos descobrindo :)

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  3. A acrescentar que se é verdade que a educação deve em muito vir da parte dos pais (e que estes muitas vezes se descartam pois acham que é dever da escola ensinar os filhos a serem bem-educados, a respeitarem o outro, a serem civilizados) também é preciso não esquecer que é nas escolas que os miúdos passam mais horas do dia pelo que de facto a escola tem um peso sim nesta parte da educação a par com o ensino da matemática e das línguas.

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  4. Também não me surpreende. Os únicos responsáveis pelo que sucedeu foram os "meninos". Com a idade que têm (17 para cima) não se podem atribuir culpas a outros. Eles vivem em sociedade e têm a obrigação de respeitar as pessoas e os bens. Quando não o fazem, devem sofrer as consequências.

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  5. Não foi há muito tempo que falámos (eu e umas amigas) sobre a função formativa e informativa da escola. De facto, o objetivo já não é apenas ensinar o ABC, mas moldar comportamentos, formar cidadãos responsáveis... A escola há muito deixou de ser a única fonte de conhecimento, de ensino. Para além disso, nunca foi tão importante o bom relacionamento entre a escola e o lar.
    Mesmo que os comportamentos dos alunos sejam exibidos fora da propriedade escolar, a partir do momento que os convívios/passeios/celebrações estejam relacionados com a escola, os maus comportamentos deverão ser punidos pela entidade escolar.

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  6. E acho que é essa postura que cria relações saudáveis e intemporais com os pais. Eu pessoalmente, mesmo tendo os meus longe, falamos todos os dias, a toda a hora. Hoje por exemplo, já com 25 anos fiz uma asneira e estava tão nervosa por contar ao meu pai... Estou longe, podia nem contar. Mas ele é o meu melhor comigo e contaria sem hesitar, mesmo sabendo que ia ouvir. E ouvi xD

    THE PINK ELEPHANT SHOE // SORTEIO DE CABAZ DE PRIMAVERA //

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  7. Os Pais são os primeiros educadores e responsáveis pela educação dos filhos. Porém, para se conseguir este objectivo educacional o trabalho dos Pais tem de ser complementado pela Escola, onde tem que haver uma colaboração mútua no projecto educativo das crianças.

    Beijinhos.

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  8. De acordo com o teu texto!
    Nem sei que diga. Mas que há muita falta de respeito e educação, há! Estou com medo, muito medo. Não sei o que o futuro me reserva!

    Beijo e um bom domingo.

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  9. O problema é que estas viagens não são criadas pelas escolas, mas sim por estudantes e agências de viagens que não querem saber. Eu não fui à viagem e não estou minimamente arrependida. Digam o que disserem, a meu ver, um pai que deixa os filhos irem numa viagem de três dias com um passe ilimitado de bebidas não é são mentalmente. O problema é que na nossa sociedade (pelo menos entre os adolescentes) quem se droga e quem bebe até cair para o lado é que é fixe. Digo isto, porque até nas festas da faculdade e entre amigos quem comete excessos é o ''melhor''.

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  10. Fui sempre autoritária como mãe e profe mas tolerante com erros e fracassos e responsabilizar os jovens pelos seus atos...ajuda_os a crescer!!!
    Bj

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  11. Ainda há pouco ou : os pais não têm 200 euros para livros escolares mas têm 500 para a viagem. E não ponham a culpa nos professores.
    Kis :=}

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  12. Olá Maria, vim "cuscar" o teu cantinho e estou a gostar muito!
    Já sou seguidora, porque quero estar a par das novidades. :)
    Quanto ao post, assino por baixo.
    Beijinho, até amanhã!

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  13. De facto a culpa é de todos, até dos ditos "jovens"... Acham-se todos muito adultos, mas assim que se vêm sem os pais...
    Mas também é verdade, cá em Portugal vêm muitos estrangeiros fazer talvez o mesmo ou pior e ninguém lhes diz nada.

    Beijocas

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  14. Não devem de ser só os portugueses.
    A juventude anda toda alucinada. Seja de onde for...

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  15. Tudo se resume a isso - ausência de pais.
    O resto é conversa.
    Boa semana

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  16. Qualquer creme de rosto serve para colocar no pescoço :) Não é necessário, a meu ver, ter-se um creme específico para esse efeito :D

    E acho bem que assim seja. De pequenino é que se torce o pepino :)


    NEW DIY POST | Minimal Framework with Soap Bubbles
    InstagramFacebook Oficial PageMiguel Gouveia / Blog Pieces Of Me :D

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  17. A educação e o saber estar em sociedade tem que partir de casa...o que muitas vezes não acontece. Penso que hoje se confunde liberdade com desrespeito pelos outros....

    Isabel Sá
    Brilhos da Moda

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  18. Esta é uma questão muito complexa! Acho que não se resume apenas à educação dos miúdos!
    Mas concordo que muitos pais facilitam nestas alturas...

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  19. Todos os anos é igual ( .. ) agora andam a passar a batata quente uns aos outros .

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  20. Dos miúdos expulsos não vou falar. De como dividir a educação entre a escola e os pais, também não - hei de lá chegar quando o meu for para a escola, mas confesso que espero que leve a educação já de casa e de pequenino.
    Mas vou dizer-te uma coisa: a minha mãe nunca se pôs ao mesmo nível que nós, suas filhas, mas sempre foi (e é) a minha melhor amiga! A pessoa a quem conto tudo, a pessoa de quem mais preciso. A par da mana, claro! Por isso, diria que estás no caminho certo com as tuas miúdas ;)

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  21. Revejo-me imenso nas palavras descritas e sou uma mãe parecida. Autoritária mas sempre pronta para dar um mimo ou um carinho. E sim, não sou a melhor amiga dos meus filhos, até porque me lembro de ter imensas discussões com a minha mãe, que tem toda uma filosofia de ser amiga e não mãe, porque amigas eu tinha muitas e muitas situações o que eu precisava era de uma mãe. Se existe um culpado nesta situação? Sim concordo que sejam todos, que sejamos todos até enquanto sociedade! Esperança que estes debates ajudem nalgum sentido!
    http://asreceitasdamaegalinha.blogspot.pt/

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  22. Conheço um rapaz que esteve a fazer o 12º ano durante 3 anos -.- na lógica dele, esteve sempre no ano finalista e portanto fazia todo o sentido ir à viagem de finalistas, ou seja, foram 3 anos seguidos em que ele foi a uma viagem de finalistas. Os pais que vêem um filho a chumbar constantemente, mas deixam-no ir na mesma a essas viagens, acho que não é o melhor caminho para se educar um filho, mas eu não sou mãe, não percebo nada dessas coisas xD

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  23. Este tema é delicado sim... estamos num ponto em que nós pais, temos algumas dificuldades com a sociedade. Eu não gosto de dar culpas a ninguem, e cada um tem que fazer para si e lutar por si. mas... como pais, temos mesmo que ser autotitários, e dizer com frequência (eu não tenho nada a ver se os pais de A ou B deixam, eu não deixo) tem sido complicado e não se avizinham melhores anos...

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  24. Concordo contigo, todos têm a sua culpa.
    Contudo, aquilo que me choca mais nesta notícia não é aquilo que os jovens fizeram ( porque, infelizmente, todos os anos acontecem cenas assim), mas o facto de os pais acharem que isto é uma atitude normal ( se eu fizesse o que eles fizeram, os meus pais punham-me de castigo até eu ser velhinha), e a agência de viagens também achar que não é nada de mais.
    Beijinhos,
    Cherry
    Blog: Life of Cherry

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  25. A educação tem sem qualquer dúvida de sair de casa.
    Quanto ao resto não posso falar muito não sou mãe apenas filha, mas gosto da diferença entre mãe e amiga :)
    Beijinhos
    P.S. segui o blog :)
    https://a-carlota.blogspot.pt/

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  26. Bem, eu, quando fazia asneiras, levava um castigo e não morri por isso! Mas agora ainda os desculpabilizam!

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  27. r: É um privilégio para mim ler isso. Muito, muito obrigada, de coração!

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  28. Sabes uma coisa? Dizes que não vais em parentalidade positiva, mas tu estás a exercer uma parentalidade positiva. Confusa: dás amor, carinhos, dás abertura às tuas filhas para que elas tenham o à vontade suficiente para se abrirem contigo e ao mesmo tempo estruturas o comportamento delas com regras, limites e consequências pelos atos desadequados. Portanto és uma mãe positiva (estou a fazer doutoramento na área da parentalidade positiva, prevenção dos maus tratos e promoção de uma parentalidade positiva - por isso, podes confiar no que te digo que é com base em imensas leituras).
    Relativamente ao restante, assino por baixo o que dizes. Há adolescentes intragáveis, com mau fundo mesmo. Ainda hoje assisti a uma situação de maldade pura de uma adolescente para com outro. Tentei controlar a situação, mas era tal a falta de empatia e a maldade, que sei que as minhas palavras foram em vão. Doeu-me o coração.
    Bullying na escola: ignorar é a palavras de ordem. Tive uma mãe, uma menina e eu em desespero pela inércia da escola e do DT. O DT afirmava sempre que "eram coisas de miúdas". Onde vamos parar? Não tenho filhos, mas tenho uma certeza de que, se um dia os vier a ter, não quero que eles sejam do tipo de adolescentes em que o conceito de diversão passe por bebedeiras e excessos.
    Continua o teu bom trabalho.

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    1. Muito interessante o teu comentário. Obrigada! Gostava muito de falar mais contigo, uma vez que, além das minhas filhas, tenho muitos outros meninos para cuidar/proteger em termos profissionais.

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    2. Por mim, estás à vontade para falar o que precisares. Se eu puder ser útil em algum aspeto, terei muito gosto em ajudar.
      Podes contactar-me pelo e-mail do blogue pordetrasdaspalavras@gmail.com.

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