O que é que esperavam?

5 de junho de 2018

Ouvi hoje, algures, que, das provas de aferição realizadas pelos alunos do segundo ano do ensino básico se pode concluir que as crianças portuguesas com 7/8 anos, apresentam dificuldades motoras, sendo que muitas delas não sabem sequer saltar à corda.
Não fiquei nada surpreendida. Primeiro, porque foi um trabalho hercúleo ensinar a minha filha mais velha a saltar à corda por volta dos seis anos, coisa que, sinceramente, eu sempre lembro de fazer sozinha e que os meus pais não se lembram de me ter ensinado. Depois, porque me parece que, excepção feita a actividades específicas em que desenvolvem algumas capacidades (como a ginástica acrobática, o ballet, as artes marciais), as nossas crianças, hoje em dia, pouco se desenvolvem como um todo e quase nada descobrem as coisas por si próprias.
Dei por mim a pensar que, quando eu tinha a idade das minhas filhas, depois da escola passava imenso tempo na rua a jogar à apanhada, a saltar à corda, aos elásticos, ao lencinho... e, em dias grandes como os desta época, depois de jantar lá voltávamos para a correria. Claro que aí até aos 6/7 também brincava com bonecas, às famílias. Mas, muitas vezes, também levava a tralha dos bonecos para a rua.
As minhas filhas, por seu lado, só brincam ao ar livre nos 15/30 minutos de recreio da escola ou nos dias em que, milagrosamente, não tendo milhentos trabalhos de casa, vamos até ao jardim com elas. Das outras vezes, quando não usam a informática nos tempos livres, sentam-se a ler ou acompanham-nos numa série.
Como elas, tantos outros da idade delas. Daí que não me espantem estas conclusões das provas de aferição.
Mas o mais dramático disto tudo é que, quando lhes dou liberdade, correm e brincam sem querer parar até à exaustão. E, certamente, acontecerá o mesmo com tantos outros da idade delas...





11 comentários

  1. As coisas estão tão diferentes, que é normal que isso se reflita nestes resultados

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  2. As escolas que as minhas filhas frequentam/frequentaram dão muita atenção à Educação Física.
    Só lhe faz bem.
    Para preguiçoso já basta o pai.

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  3. A atividade ao ar livre passou para segundo plano para a maioria das nossas crianças e nas escolas se os telemóveis não fossem para o recreio ... provavelmente ... aprender a saltar a corda entre outros ... seria um ato natural!!!
    bj

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  4. Não podia estar mais de acordo com este post.
    Eu também na minha infância adorava brincar na rua (à macaca, ao elástico, ao ringue, ao molhinho, a saltar à corda, ...
    Hoje em dia muitas crianças nem sequer sabem brincar (e nem querem).

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  5. A culpa também é um pouco nossa que lhes damos menos liberdade muito por causa dos perigos que ou não existiam antes ou não eram tão divulgados.
    Cabe-nos a nós principalmente ao fim de semana fazermos atividades em família fora de casa também.

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  6. Boa tarde minha querida! (Saudades)
    Concordo plenamente com tudo o que escreveste. Infelizmente, até as AEC'S foram retiradas, aqui. Ou seja, a Bia deixou de ter ginástica, etc, no fim de Janeiro, principio de Fevereiro ... E assim vai o País

    Beijos e um excelente dia.

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  7. As coisas, hoje em dia, são bem diferentes!

    amarcadamarta.blogspot.pt

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  8. É estranho e assustador como os tempos mudam tão rápido e como isso pode influenciar o futuro de tantos jovens... Beijinhos*

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  9. Eu consigo perceber até porque ainda sou nova e terminei a minha escola há pouco tempo.
    Mas hoje em dia os professores de ginástica não transmitem confiança, para já porque são imensas crianças e não têm a paciência de estar junto de todas elas a ensinarem.
    Eu por exemplo não fazia cambalhotas sem ter o meu professor a olhar para mim e a ver se estou bem posicionada, e não me vou magoar.
    Mas acho que trata-se principalmente em não terem a paciência para ensinarem.

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  10. AS crianças precisam de se mexer mais.
    Falo tudo para que os meus brinquem o mais possível à apanhada, às escondidas, andem de bicicleta, de patins, ou skate.
    Faz lhes tão bem!
    Ajuda o desenvolvimento motor, mas também sociais, pois estreita laços com os amigos.

    Movimento, precisa-se!

    beijinhos,
    Paula

    Vida de Mulher aos 40

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